Inteligência? Visão além do alcance? Como escolhi trabalhar com TI no século passado.
Chamamos de destino todas as nossas escolhas nada embasadas.
Olá pessoas! Espero que estejam bem.
A ideia aqui sempre foi enviar um conto, crônica ou ensaio inédito por mês — e isso não mudou desde o primeiro envio —, mas cá estou enfrentando um desafio proposto de escrever semanalmente. Segundo o Substack, isso atrai mais assinantes e promove uma maior interatividade. E olha, nunca fui de correr atrás de números ou metas exaustivas na escrita, mas esse desejo íntimo de compartilhar minhas palavras tem me acompanhado faz tanto tempo que talvez não custe nada tentar me vender à plataforma só um pouquinho, não é?
Hoje vou conversar um pouco sobre vocação, trabalho (em TI) e acasos do destino.
Sobre os acasos e coisas frágeis, algo que alguns chamam de Destino.
Lá pelos idos do final dos anos 1990, eu estudava num colégio aqui em Salvador que tinha lá seu prestígio. Não era dos mais caros e seletos, mas contava com excelentes professores. Entre as matérias, minhas favoritas eram, em ordem, Redação, Geografia, História e Espanhol. Aí que tá o lance: para trabalhar com TI, o ideal é ser bom em exatas, mas e eu (para parararará!!!)? Mal dava conta de tirar as notas mínimas e toda vez que vejo qualquer coisa relacionado a trigonometria tenho pesadelos!
Não cheguei a ir para recuperação nenhuma vez, mas fiz algumas provas finais e sempre era aprovado pro ano seguinte com dificuldade. Naqueles tempos, eu não tinha noção exata do que eu poderia fazer sendo bom em Redação e gostando de História além de lecionar. Algo que nunca me passou pela cabeça. Foi aí que decidi fazer um teste vocacional, algo mais antigo do que chamar pão francês de cacetinho aqui na Bahia, dos tempos em que acreditavam que a gente falava "Meu Rei" em todas as frases.
E qual foi o resultado deste teste vocacional? Me pergunta o impaciente torcedor: O óbvio! Minha veia era humanas. A lista, se a memória não me falha, trazia Direito, Jornalismo, História, Ciências Sociais e terminava em Filosofia. No século passado eu achava que minha praia ia acabar sendo mesmo o Jornalismo. Mas aí veio aquele pensamento bobo de que eu precisaria ser repórter ou apresentador do BA TV para ter sucesso nessa área. Quem me disse isso? As vozes da minha cabeça. Só que quem me conhece já imagina que sem chances! Sou tímido demais para aparecer na televisão ou falar em público. Foi então que peguei o folheto do vestibular de 1998 da UFBa e li os cursos mais disputados em ordem:
🩺 Medicina - Odeio sangue, não quero estudar pra caralho e biologia eu só aprendi mitocondrias.
💼 Direito - Odeio. Com todas as forças. Sempre detestei a forma como os advogados falam, sempre odiei o trabalho em si e, na minha rua, no Alto do Coqueirinho, tinha um advogado que falava com uma voz enjoada pra caralho. Não, direito nem pensar.
💻 Ciências da Computação - A profissão do futuro. Isso me pegou pra caralho, mas o que me fez mesmo marcar essa escolha foi que eu li onde poderia trabalhar e, dentre as opções, eu poderia trabalhar em ONGs. Era esse o meu sonho naquele dia e foi assim que entrei na área de TI. Simples como isso.
Além das Expectativas
A vida adora nos surpreender, não é mesmo? Mentira, a gente que as vezes acaba optando por seguir um caminho diferente. A área de Tecnologia da Informação estava em alta afinal era a profissão do futuro e eu ainda seria uma pessoa de espírito elevado, afinal, nesse mundo que começava a se globalizar, eu poderia trabalhar em uma ONG e mudar o destino da humanidade.
A realidade, no entanto, foi um tanto diferente. Nunca cheguei nem perto de trabalhar em uma ONG, e minha jornada na faculdade foi repleta de desafios. Matemática, Estatística, Cálculos 1, 2, 3, Númerico, Teoria dos Grafos, professores que davam aula apenas para os alunos mais inteligentes e que já programavam, outros que não permitiam conversar em sala e se portavam como generais do exército, um que não dava aula mas cobrava o assunto na prova e, o melhor, um que faltava sempre que o Vitória perdia um jogo no domingo. Específico demais né?
O fato é que tudo parecia uma montanha difícil demais para escalar. Eu morava na casa do caralho, a faculdade ficava na casa da porra, eu tinha que trabalhar pra pagar o curso que meu pai não tava afim de pagar, pegava busus em que eu viajava com uma perna flutuante e por aí vai. Resultado? Levei quase o dobro do tempo necessário para me formar.
O quanto isso parece uma escolha brilhante, inteligente e de alguém que estava enxergando além do tempo? Pois é. Foi apenas uma escolha pouco embasada e na qual eu decidi que não iria desistir. Já tinha começado, iria até o fim.
Acredito que o maior trunfo com tudo isso foi desenvolver uma relação com o trabalho longe de ser romântica. Gosto de programar? Gosto. Mas se eu pudesse não faria nada além de ver filmes, séries e escrever. Se pudesse, se fosse herdeiro de grandes heranças, eu não iria trabalhar um dia sequer. Porque trabalhar é uma merda e não há quem consiga me provar o contrário.
Ter me profissionalizado numa área diferente da que “deveria” me deixou livre para fazer as coisas que gosto sem precisar cumprir metas e me cansar. Agora, sempre que tenho tempo, escrevo o que me der vontade.
Existência Online
É incrível como tudo se transformou em trabalho nos dias de hoje, né? As redes sociais viraram um mar de obrigações. Tenho notado com frequência pessoas reclamando que estão cansadas, se desculpando por não postar em alguma data comemorativa ou por não terem dado sua opinião no assunto do momento. É uma exaustão virtual que se soma às demais exaustões da vida. E o Substack, meus amigues, me obrigou agora a escrever um texto por semana. Não, ele não colocou uma arma na minha cabeça nem me ameaçou (ainda). Foi mais como aqueles personagens do filme "A Origem" do Nolan, semeando dúvidas na minha mente.
E se eu escrever por quatro semanas seguidas e as coisas melhorarem por aqui? Vamos ver 👀
Escrever é uma paixão minha, mas também é um hobby cansativo. É uma jornada desafiadora, e tudo o que espero é apenas, um dia, escrever um livro que pelo menos vinte pessoas irão gostar e ser lembrado por isso. A escrita é uma busca pessoal, uma expressão do meu eu interior. E apesar de todas as pressões sociais e obrigações virtuais, vou continuar compartilhando minhas palavras aqui.
Porque, no fim das contas, a escrita é meu refúgio, meu prazer e minha forma de me conectar com vocês contando um pouco da minha historia de vida que é a única que eu realmente conheço. Bom, pelo menos uma boa parte.
Hoje foi apenas uma introdução para deixar vocês situados com o texto que vou enviar na próxima semana. Espero que vocês gostem (pelo menos do próximo).
Um beijo no ❤️ de cada um e até semana que vem!