Eu nunca gostei muito de filme de terror. Tenho alguns favoritos, mas comigo o conceito de entretenimento foge um pouco dessa vertente. Da mesma forma eu nunca entendi o prazer que as pessoas tinham — geralmente em filmes gringos — de entrar naqueles trens fantasmas.
Se você entrar no jogo vai tomar belos sustos. Se vai bancar o cético e não se envolver, qual seria o sentido? Estive questionando isso enquanto acompanhava algumas correntes de posts sobre filmes de terror favoritos nas redes sociais. Sem pensar muito a respeito posso listar alguns mais modernos, outros clássicos, mas geralmente o os que mais me chamam a atençao ou são aqueles slasher onde entramos num jogo de detetive para descobrir quem é o assassine (ou quem são), ou então algum daqueles bem esquisitos tipo Midsommar.
Eu tenho um fascínio por coisas estranhas que me remetem ao mundo real. Isso porque no mundo real nossos horrores são diferentes, mas como quase tudo na vida, sempre termina em uma Seita ou um convite para algum tipo de Pirâmide Financeira.
Vai andar de bicicleta em grupo?
Seita.
Recebeu um convite de ex crush dos tempos de colégio para um jantar?
Convite para esquema de pirâmide.
Escolheu se render e comprar um teclado mecânico?
Assim como adotar gatos é claramente um esquema de pirâmide. Você nunca termina apenas com dois, três ou seis. As coisas vão escalando e quando você menos se dá conta está refém dentro de sua própria casa.
Eu poderia fazer uma lista infinita e até mesmo criar uma newsletter só para isso, mas a vida perde a graça quando revelamos todos os mistérios e ciências místicas que envolvem as relações humanas e sociais. É preciso de um pouco de fé no inexplicável para sobreviver à distopia das tragédias cotidianas.
Por toda essa forma mais pragmática de enxergar as coisas é que decidi sair de vez do Xuiter. Quer dizer, ainda tenho conta lá por algum motivo que devo resolver nas minhas próximas sessões de terapia, mas parei total de usar pelo mesmo motivo que nunca gostei de entrar em Trens Fantasmas.
A única coisa que vamos encontrar naquela rede social são pessoas dizendo coisas que você precisa fazer ou ver e, advinhe? Você nao precisa de porra de nada daquelas coisas. E o que sobra? Um mar de contas com cada vez menor alcance — o que tem de influencer se auto rexuitando duas ou três vezes ao dia me faz ter arrepios — repostando comentários maldosos ou (supostamente) engraçadinhos ofendendo um tantão de gente a troco de alguns likes.
Você precisa…
Entenda
Veja essa pessoa horrível que você nunca ouviu falar a atrocidade que ela falou dessa vez
Não é possível, esse animal facista falou coisas facistas de novo!
Siga o fio…
Chernobyl ou Caverna do Dragão?
Não sei vocês, mas depois que parei de entrar regularmente no X fiquei muito mais tranquilo. Voltei a desenhar, a escrever todos os dias, a cuidar melhor de mim.
Nada disso funcionará se você for uma pessoa que procura engajar, fazer fama ou ganhar seguidores. Se você se desculpa quando não publica um texto em sua newsletter ou blog porque falhou em seguir a meta semanal que o senhor Substáquio ou seja lá quem (eu sei, foi algum texto que você leu com dicas para ser mais lido/visto) disse que era a ideal para você sem nem te conhecer. Te moldando na mesma forma que todas as outras pessoas que possuem estilos de vida diferentes do seu ou não vivem as suas dores, as suas obrigações, a sua rotina exaustiva.
Existir online se tornou um trabalho quase sempre não remunerado, exaustivo e inalcançável. Você nunca chega lá, afinal, não se dedicou o bastante.
Eu nunca me desculpo por essas questões pois eu sigo no meu ritmo. Um que eu consigo cumprir e faz bem pra mim.
E se você trabalha com isso, eu sinto muito mesmo. De verdade. Boa sorte.
Vou publicar!
Seguindo elas (quem?) as vozes da minha cabeça 🤪 resolvi que vou lançar uma publicação minha por ano. Em 2022 eu auto-publiquei na Amazão o meu conto “Um Natal da Disgraça” e ainda este ano vai sair o meu segundo.
Ainda não decidi o título da história mas envolve Salvador e ficção científica. Mais um curtinho pra você poder inserir no meio das suas leituras 😁 e não comprometer a sua performance no que tange a quantidade de páginas lidas ao ano. Na verdade vai lhe dar um gás se você é de criar metas (para lhe destruir) de leituras ao poder adicionar mais um “livro” lido na contagem que você criou achando que seria um incentivo e também algo tangível, mas a vida o capitalismo lhe roubou o brilho de relaxar e o tempo disponível para tanto.
Oportunidade!