Hoje eu vou falar sobre três pessoas que estão me ajudando em um conceito interessante. Não é uma ideia nova, na verdade é bem antiga e até mesmo Luiz Maurício já cantava no século passado. É sobre se permitir. Sobre autorizar-se a fazer as coisas sem se preocupar com métricas, engajamento, números, gráficos ascendentes ou resultados.
Demorou bastante tempo até eu me permitir publicar online, lançar meus escritos por aí, me espalhar em plataformas que gostam de mudar as regras do jogo ao seu bel prazer. E a cada novo texto um monte de erros, alguns que se repetem e tantos outros acertos. Alguns fortuitos, outros inesperados. Sabe quando você se dedica bastante a algo e no final dá certo? Quase nunca isso acontece comigo, já que vivo de surpresa em surpresa por aqui.
Algumas coisas que amei escrever e me dediquei, não vi nem um sinal de fumaça. Outras que escrevi e lancei na mesma hora, quase sem revisar, deixaram meu dashboard todo verde e com grafos bonitos. Daqueles que se usam para vender cursos online.
Não acho que seja à toa, mas foram três mulheres que me fizeram chegar até aqui e que continuam me impulsionando a seguir adiante.
Aline Valek ✍🏽
Com Aline Valek eu criei tudo isso aqui. Foi através do seu curso na Domestika que montei a ideia de trazer meus contos, ensaios, crônicas e o que mais ocorrer pelo menos uma vez no mês, tudo empacotadinho em uma newsletter. Em uma das minhas edições ela comentou, divulgou e ainda deixou algumas dicas que só não apliquei ainda por conta desse meu jeitinho.
Produzo na velocidade créu número um, sem pressa alguma. Não por esmero, mas sim por conta de uma ansiedade que corrói e me torna um procrastinador com certificado digital. Eu não sei porque escrevi certificado digital, iria falar nato, mas saiu assim, deixa aí. Só que uma hora as coisas acontecem, coachs quânticos com perfis metafóricos no linkedinho diriam que acontecem exatamente na hora certa.
Sara Bertrand 🔪
A autora chilena Sara Bertrand esteve em Salvador para lançar um livro e também apresentar uma oficina de escrita criativa no início de agosto (2023). De todas as coisas que eu poderia esperar em uma curso presencial dividido em dois dias, a última delas foi o que ela nos ensinou: A arte do assassinato.
A imagem que ficou tatuada em minha mente foi a de Sara mostrando como apunhalar, com as duas mãos, a nossa voz interior. Aquela que diz “isso não está bom”, “apaga”, “que idiotice é essa que você está escrevendo?”, “ninguém vai ler isso”, etc.
Segundo ela, a escrita criativa se constrói quando assassinamos nossa voz interior e escrevemos sem amarras. Só assim vamos criar nosso próprio estilo. E, antes de publicar, sempre teremos tempo de editar e corrigir algumas coisas, mas se a gente já começa a escrever cheio de freios, anseios e receios, dificilmente vamos ter algo que possa ser revisado e publicado mais adiante.
Vanessa Guedes 💫
Vanessa, que também é filha de Aline Valek, escreve a newsletter que mais gosto de acompanhar. Por conta disso, quando ela lançou sua oficina “Revelando Segredos” eu não fiz nenhuma dança de rato (titubeei) e me inscrevi.
Foram dois encontros online no primeiro fim de semana de Setembro de 2023. Além de aprender muito eu tive a oportunidade de estar ao lado (virtualmente conta pra mim também) de outros autores que já acompanhava por aqui no Substáquio e que tive o prazer de ouvir e conversar.
Foi uma oficina mais voltada para a escrita não criativa, digamos assim. O melhor é que fiz uma lista de melhorias que gostaria de aplicar e estou — aos poucos, já sabem — fazendo.
Em resumo…
Mais do que coisas que a gente aprende, é sobre formar laços nesse mundo conectado e cada vez mais ansioso. Sobre até mesmo ter a coragem de sair de algumas redes sociais, de deixar de fazer parte de alguns círculos e escolher bem quais são as pessoas que vão continuar fazendo parte de nossa caminhada que vai terminar num dia de quarta-feira. Não vai ser feriado e nem vai ter aviso algum.
Esse texto fica aqui como um registro de agradecimento a essas autoras e também um grito escondido para quando eu estiver hesitando sobre alguma coisa. É difícil sim viver em uma era em que qualquer coisa que você pense em fazer existam duas milhões de pessoas melhores que você PERFORMANDO por aí.
Durante a oficina online com Vanessa, uma das lições mais valiosas que surgiram foi uma em que ela explanou sobre algo que me pegou demais. Todas as pessoas que, vira e mexe, a gente inventa querer se comparar estão vivendo em seus próprios tempos, momentos e trilhando seus caminhos. Comparar-se constantemente com gente que têm vidas e objetivos diversos é a receita perfeita do desastre.
E tem mais, o Senhor Substáquio me disse para escrever uma postagem por semana, mas eu sou eu e licuri é um coco bem pequenininho que às vezes vem com um bichinho escondido. Parece uma minhoquinha, é meio nojento de ver. Ou fofo, depende do seu ponto de vista.
Não vou obedecer assim por completo porque escrevo melhor em sprints; às vezes, saem textos semanais; outras vezes mensais.
Esse é o meu jeitinho, e o seu, qual é?
Acho que estou precisando aprimorar a minha arte do assassinato. Acho que colocar um tempo para a gente ter entregas é interessante, mas fazer por obrigação às vezes sai algo meio disforme sem ser o que a gente realmente quer. Vai de achar um equilíbrio e cada um tem o seu.
Adorei, é isso aí mesmo. Queria matar minha voz interior na chinelada.